A morte de um paciente de 58 anos, ocorrida dois dias após ter passado por uma cirurgia de redução de estômago no Hospital Madre Theodora, virou caso de polícia em Campinas (SP). A família do paciente, um vendedor que morava na Vila Boa Vista, registrou Boletim de Ocorrência no 1º Distrito Policial e alega negligência no tratamento pós-operatório oferecido pelo hospital. O Madre Theodora nega a acusação e informou que aguarda o resultado de exames para apontar a causa da morte.
O filho da vítima, o também vendedor Samuel Henrique Fernandes Gomes, disse que não sabe se ocorreram problemas durante a cirurgia, mas reclama da falta de atenção que o pai recebeu quando voltou ao hospital nos dias seguintes. “Desde que teve alta, no dia 14 de fevereiro, meu pai estava com dores. Quando voltou ao hospital no mesmo dia, não foi internado e novamente saiu se sentido mal. Ao retornar no dia seguinte, demorou de novo para ser atendido e faleceu”, relatou.
Em nota, a assessoria do Hospital Madre Theodora informou que "a declaração dos familiares está repleta de informações sem embasamento e contraditórias com o histórico técnico, clínico e hospitalar do paciente”. De acordo com o hospital, o paciente “foi liberado após a certificação de que ele não apresentava nenhuma intercorrência clínica, portanto em perfeitas condições de alta. As avaliações clínicas comprovam isso e o período determinado para a alta foi o normal para o procedimento realizado”.
O caso 
O vendedor José Carlos Gomes entrou na sala de cirurgia às 6h15 do dia 13 de fevereiro. Segundo a família e o hospital, foram feitos dois processos operatórios, um para retirar uma hérnia e, após a retirada, foi efetuada uma cirurgia bariátrica, já que o paciente estava 30 quilos acima do peso, de acordo com Samuel Gomes. A cirurgia encerrou por volta das 9h20 e, às 6h15 do dia seguinte, 14 de fevereiro, o paciente teve alta do hospital.
O paciente retornou ao Madre Theodora às 23h do dia 14, mesmo dia em que recebeu alta, de acordo com seu filho. No hospital, recebeu atendimento e foi liberado para voltar para casa durante a madrugada.
Dois dias depois 
Já no dia 15, o paciente retornou às 15h40 para o hospital. Segundo o filho, ele sentia dificuldade na respiração, dores e cansaço. “Meu pai já estava muito ruim, com muita dificuldade para respirar”, disse Samuel Gomes. Segundo ele, o processo de atendimento foi demorado. “Após a triagem, somente por volta das 19h30 foram internar e dar atenção de fato ao meu pai”. O vendedor faleceu às 20h07.
Segundo a nota do hospital, "no dia 15 de fevereiro de 2014, o paciente esteve novamente no Pronto Socorro da unidade. Desta vez, a triagem foi realizada às 15h45, exatamente 5 minutos após sua chegada. O período de permanência do paciente em atendimento se estendeu até as 20h07, e durante esse tempo, a médica plantonista realizou exames laboratoriais e de imagem, e manteve o paciente em observação clínica, recebendo toda atenção dos médicos e da enfermagem".
Samuel conta que a mãe, esposa do paciente e que o acompanhou no hospital, ficou sabendo da morte do marido por um segurança do local. “Minha mae e meu irmão, que estavam acompanhando ele, não recebiam mais notícias e, quando perguntaram para um segurança do hospital, foram informados da morte. Não havia assistente social, estava uma baderna”.

Nota de esclarecimento do Hospital Madre Theodora 
Após a denúncia em mídia social sobre o falecimento do Senhor José Carlos Gomes, constatou-se que a declaração está repleta de informações sem embasamento e contraditórias com o histórico técnico, clínico e hospitalar do paciente. Por isso, é necessário um esclarecimento sobre o processo que vai da cirurgia a que ele foi submetido até o seu óbito.
No dia 14 de fevereiro de 2014, o Sr. José Carlos Gomes teve alta hospitalar, após ter passado por uma cirurgia de uma hérnia umbilical e também de uma cirurgia de médio porte para perda de peso. Este é o primeiro ponto que merece esclarecimento, tendo em vista que havia sido divulgado que foram 3 cirurgias realizadas.
Ele foi liberado após a certificação de que ele não apresentava nenhuma intercorrência clínica, portanto em perfeitas condições de alta. As avaliações clínicas comprovam isso e o período determinado para a alta foi o normal para o procedimento realizado.

No dia 15 de fevereiro de 2014, esteve novamente no Pronto Socorro do Madre. Desta vez a triagem foi realizada às 15h45, exatamente 5 minutos após sua chegada. O período de permanência do paciente em atendimento se estendeu até as 20h07, e durante esse tempo, a médica plantonista realizou exames laboratoriais e de imagem, e manteve o paciente em observação clínica, recebendo toda atenção dos médicos e pessoal de enfermagem.

Conforme o resultado da declaração de óbito emitida pelo IML e anexada a este documento, a causa da morte do Sr. José Carlos está “a esclarecer, no aguardo de resultado de exames”, sendo, portanto, prematura qualquer afirmação a respeito.
Fachada do Hospital e Maternidade Madre Theodora, em Campinas (Foto: Reprodução/ EPTV)