terça-feira, 8 de novembro de 2011

Conrad Murray, médico de Michael Jackson, fica na ala médica de cadeia como medida de proteção



O médico foi condenado pela morte de Michael Jackson Foto: AP Extra Online


O médico Conrad Murray, declarado culpado pela morte do cantor Michael Jackson, foi levado para a ala médica da Cadeia Central Masculina de Los Angeles. Mas ele não está lá por problemas de saúde. Segundo o site TMZ, trata-se de uma medida de segurança extra.

A Justiça americana teme que o médico tente cometer suicídio na cadeia. E, para os policiais, é mais fácil vigiar Murray se ele estiver na ala médica da cadeia. Ele deve ficar no local até que a sentença definitiva seja anunciada.



O médico Conrad Murray foi considerado culpado pela morte de Michael Jackson, nesta segunda-feira, após veredicto dos jurados, na corte de Los Angeles. A deliberação, que começou na sexta-feira, durou ao todo cerca de oito horas. O astro pop morreu em 25 de junho de 2009. O cardiologista de 58 anos de idade foi acusado pelo delito de homicídio culposo e pode pegar pena máxima de quatro anos de prisão. Mas a sentença que definirá se o médico cumprirá a pena na prisão será anunciada no próximo dia 29. O júri foi composto por sete homens e cinco mulheres.



Juiz Michael Pastor negou um pedido da defesa de fiança para o médico e ordenou que ele deixasse o tribunal algemado e levado do tribunal sob custódia. Murray enfrenta, também, a provável perda de sua licença médica. As autoridades da Califórnia já haviam suspendido o direito dele ao exercício da profissão.



O médico se declarava inocente da acusação de ter dado uma dose fatal do poderoso anestésico propofol, o que foi considerado como a principal causa da morte de Michael Jackson. O veredicto foi definido após depoimento de quase 50 testemunhas e 22 dias de trabalhos no tribunal, além das cerca de oito horas de deliberação do júri. O julgamento foi focado em verificar se o médico era culpado de abdicar o seu dever ou de agir com negligência criminosa imprudente, causando diretamente a morte de seu paciente







segunda-feira, 7 de novembro de 2011

PSTU Rio: Sergio Cabral reprime protestos, para aprovar proj...

PSTU Rio: Sergio Cabral reprime protestos, para aprovar proj...: Projeto de Lei 767/2011, enviado à Alerj pelo governador Sérgio Cabral, autoriza a gestão privada da rede estadual por meio das Organizaçõ...

domingo, 6 de novembro de 2011

BA: Crianças esperam na fila de cirurgia cardíaca

O promotor Carlos Martel, titular da 6ª Promotoria de Infância e Adolescência de Salvador, revelou que, no Estado da Bahia, há uma fila de pelo menos 700 crianças à espera de cirurgias cardíacas nos três hospitais na capital baiana que são referência na realização dos procedimentos desta especialidade: Santa Izabel, Ana Nery e Martagão Gesteira.


O dado é apenas um demonstrativo da dificuldade de ter acesso a cirurgias de alta complexidade (definidas como aquelas que demandam alto custo e alta tecnologia) no Estado, quando os pacientes, mesmo os cobertos por planos de saúde, enfrentam o problema do gargalo causado pela falta de estrutura (insuficiência de leitos de UTI – segundo Martel, na Bahia são pouco mais de 20 UTIs pediátricas – e pessoal capacitado), além da disputa entre planos de saúde e hospitais pelos custos dos materiais utilizados nos procedimentos.

Martel não especificou se a lista de crianças à espera dos procedimentos é uma mescla de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e dos planos privados, mas fontes ouvidas por A TARDE concordam que o problema das filas não é exclusivo de pacientes do SUS. É prova disso o caso de Leandra Silva Cerqueira, 5 anos, que sofre de comunicação interventricular, ou seja, abertura na parede que separa os dois lados do coração, que precisa ser submetida a procedimento cirúrgico avaliado em R$ 16,7 mil.

A criança recebeu o diagnóstico há um ano e, no dia 8 de setembro, a juíza Laura Scalldaferri, da 18ª Vara de Relação de Consumo, Cíveis e Comerciais, determinou que o plano do qual a menina é cliente, o Hapvida, autorizasse a realização do procedimento no Hospital Santa Izabel, apontado como capaz de receber o caso por médicos que cuidam da menina. A juíza estabeleceu multa diária de R$ 1 mil, elevada para R$ 5 mil no dia 14 de outubro.

Segundo o advogado da criança, Luiz Vieira, o Hapvida alega que pode realizar a cirurgia em um de seus hospitais. Diante do descumprimento da determinação judicial, Vieira informou na sexta-feira (28) que pedirá a prisão dos dirigentes do plano por descumprimento de ordem judicial. Procurado por A TARDE, por meio de sua central de atendimento, o Hapvida informou que apenas a família faria pronunciamentos sobre o caso.

Solução - Carlos Martel diz que procura soluções junto à Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) – que afirma serem 660 crianças na fila – e junto aos hospitais referência. (Davi Lemos - A Tarde Online)

O direito e o contradireito

Por que exigir que o SUS atenda ao interesse público, sem ficar subordinado a demandas políticas, corporativas e empresariais


O SUS foi fruto de uma trajetória de intensa mobilização da sociedade civil por democratizar o País, assegurando direitos sociais universais na Constituição de 1988, onde a ordem social se destacava da ordem econômica. Descentralizado e com uma autoridade única em cada nível de governo, o SUS redesenhou o pacto federativo gerando um modelo de governança baseado em instâncias de pactuação intergovernamental e uma proposta de governabilidade inovadora baseada em conselhos e conferências.

Um pouco mais de duas décadas depois, em um curto período de semanas, vemos nos jornais que os médicos do SUS se encontraram em greve por melhorias salariais e de trabalho condizentes com sua função, as entidades filantrópicas que prestam serviços ao SUS foram denunciadas pela precariedade de instalações e qualidade do atendimento, os profissionais credenciados pelos planos de saúde fizeram paralisações semelhantes ao setor público, a ANS avaliou que 20 milhões de brasileiros têm planos de saúde ruins, a Anvisa foi proibida de fazer audiências públicas para regular o tabagismo, mas permitiu o uso de agrotóxicos proibidos em outros países e o Congresso "ameaça" regulamentar a Emenda Constitucional 29.

São inegáveis os avanços do SUS na ampliação da cobertura, na internacionalmente reconhecida capacidade de realizar imunizações massivas, desenvolver um programa emblemático da aids, enfrentar, dentro da legalidade dos acordos de comércio internacionais as multinacionais produtoras de remédios que se julgam no direito de exacerbar seu poder de precificação, favorecer a produção de genéricos e a distribuição de medicamentos em farmácias populares, chegar até os excluídos com programas de saúde da família, gerar novas formas de regionalização e contratualização na regulamentação recente da Lei Orgânica da Saúde.

Diante de tantos avanços, como entender as reivindicações dos profissionais, os sofrimentos dos pacientes, as queixas dos gestores locais, os desencontros entre o avanço do Samu e a incapacidade de encontrar um lugar na UTI ou mesmo um leito hospitalar?

Discutir se o problema é de falta de financiamento ou incapacidade de gestão, é ignorar a irresponsabilidade da União em cumprir seus compromissos com o financiamento do sistema público e universal de saúde, como se isso não tivesse consequências nas gestões subnacionais, reféns dos recursos repassados pelo nível central, das decisões judiciais, das denúncias da mídia e da sua própria incapacidade. Ao acabar com o arcabouço da seguridade social, especializando as fontes de financiamento, retirando recursos da área social para pagar juros por meio da DRU, eliminando o Conselho da Seguridade, impedindo a convocação da Conferência da Seguridade, aumentando o gasto social apenas para a área contratual da Previdência ou focalizada dos programas de transferência condicionadas de renda, todos os governos da democracia foram artífices dessa situação de precariedade nos sistemas universais de saúde e educação.

A opção política foi subsidiar os setores com maior poder de barganha: isenções para provedores privados, renúncia fiscal dos planos de saúde e educação para a classe média, planos privados de saúde para servidores, ausência de investimentos para gerar uma rede pública capaz de atender à população, financiamentos e subsídios para utilização dos serviços privados, atenção primária de baixa qualidade que não resolve os problemas, mas despacha o paciente, dupla porta de entrada de pacientes junto com a dupla militância de profissionais, falta de ressarcimento por parte dos seguros de pacientes atendidos no SUS, repasse de recursos financeiros, físicos e humanos para gestões privadas, etc.

Os resultados de uma pesquisa que realizamos recentemente pelo Programa des Estudos da Esfera Pública (PEEP), da FGV, demonstram que a precarização dos serviços públicos se manifesta das seguintes formas:

- A aceitação tácita de todos os agentes de que "serviço público é assim mesmo", ou a naturalização da precariedade, na ausência de parâmetros de qualidade explícitos;

- A precariedade para o atendimento adequado permite o aumento do poder discricionário dos profissionais, resultando em situações de discriminação;

- A cultura política brasileira, desde o primeiro escalão presidencial até o atendente hospitalar, privilegia o QI (quem indica) em detrimento da igualdade da cidadania;

- A falta de responsabilidade do sistema com os pacientes provoca a "peregrinação" em busca do cuidado. Na ausência de garantia, o direito se transforma em contradireito, insegurança, sofrimento, humilhação;

- A perspectiva da classe média de que estaria salva com seu plano de saúde começa a ser desmascarada, pois, a precarização do atendimento privado é um sucedâneo do que ocorreu no SUS, já que quem dá o parâmetro da qualidade é sempre o setor público.

Em conclusão, precisamos resgatar os princípios solidários do SUS e exigir um financiamento público condigno com os padrões internacionais de saúde, no qual a União repasse para a saúde 10% do que ela arrecada em impostos, que os Estados não manipulem seus orçamentos incluindo na saúde o que não lhe é próprio e coordenem a atenção regional, que os municípios não apenas comprem ambulâncias para enviar seus pacientes para outras cidades. Há que exigir que o SUS atenda ao interesse público, não se subordinando aos interesses políticos, corporativos e empresariais. Mas, o que precisamos mesmo é exigir responsabilidade dessas autoridades, para que o paciente ao chegar ao sistema seja acolhido, encaminhado, tratado e nunca mais seja obrigado a buscar, em uma ensandecida peregrinação, fazer valer seus direitos constitucionais. Ou morrer no percurso. (SONIA FLEURY - O Estado de S. Paulo-30.10)