segunda-feira, 30 de maio de 2011

Bebê de 2 meses morre por falta de UTI em hospital



Criança com insuficiência respiratória chegou em estado grave e aguardava por uma vaga, em Rondonópolis



Divulgação



Ministério Público chegou a conseguir liminar de internação, mas já era tarde



RAQUEL FERREIRA

A GAZETA



O bebê J. M. B. M., de 2 meses e 27 dias, morreu em Rondonópolis (212 km ao Sul de Cuiabá) por falta de vaga em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) infantil. A criança deu entrada no Pronto-Atendimento (PA) da cidade com insuficiência respiratória na madrugada de ontem (4), por volta das 2h, e foi a óbito 6 horas depois. O Ministério Público chegou a conseguir liminar de internação, mas já era tarde.



Para o presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de Mato Grosso (Sindimed-MT), Edinaldo Lemos, esta é só a primeira morte de criança, de muitas que ocorrerão em Rondonópolis. Ele afirma que o Hospital Regional fazia o atendimento infantil até sexta-feira, mas a Secretaria de Estado de Saúde (SES) acabou com a oferta do serviço.



A diretora técnica do PA, Mariele Lazarin Padula, explica que a menina chegou à unidade de saúde com quadro grave, indicação para entubação com ventilação mecânica e necessidade de uma UTI. Os médicos fizeram solicitação à Central de Regulação e tanto a Santa Casa de Misericórdia, quanto o Hospital Regional afirmaram não ter vaga para internar o bebê.



Na sequência, o PA acionou o MP. Em Rondonópolis, não existe UTI infantil, somente neonatal e adulto. A referência para este tipo de atendimento é Cuiabá, que também não tinha leito disponível.



A médica estava inconformada com a situação e afirmou que o PA tem estrutura para atendimento de baixa complexidade. "É muito difícil aceitar que uma criança morre desse jeito".



O secretário municipal de Saúde, Valdeci Feltrin, afirma que não houve falta de UTI para atender a paciente, garantindo que a Santa Casa de Misericórdia se propôs a receber o bebê, mas o médico de plantão se recusou. "Vamos abrir um procedimento administrativo".



O secretário de Estado, Pedro Henry, conta uma versão semelhante a de Feltrin, afirmando que o médico da Santa Casa não quis receber a criança. Ele desmente o Sindimed e afirma que o Regional tem emergência somente para traumas.



O diretor da Santa Casa, José Spila Neto, desmente a afirmação dos secretários do Estado e Município, garantindo que não há vaga disponível na UTI neonatal, onde a vítima poderia ser internada, mesmo com idade superior a recomendada. "Nossos 10 leitos estão ocupados e ainda temos 2 gestantes na fila aguardando liberação de vagas para dar a luz. Temos vagas na UTI adulto, assim como o Hospital Regional".

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